Olá, essa é a continuação de uma série de 6 posts que fizemos sobre o que fazer na Floresta Amazônica e em Manaus. Se você ainda não leu os primeiros posts, clique aqui e aqui.
Indo de Manaus para a Floresta Amazônica
Estávamos hospedados num hotel em Manaus e uma pessoa da agência passou para nos buscar por volta de 8h. A gente dividiu nossas malas em duas: o que levaríamos para selva e o que não levaríamos. Na agência, eles nos disponibilizam uma sala para deixar a bagagem que não seria levada para a selva. Fomos com uma mochila cada um.
Lá na agência encontramos um grupo de pessoas que iria para a selva com a gente. Depois do grupo formado, eles nos dividiram em vários carros que nos levaram até o Porto da Ceasa. Dali pegamos um taxiboat para atravessar do outro lado do rio e continuar o caminho.
Nesse momento fomos apresentados ao guia que nos acompanharia nos próximos dias. Seu nome-apelido era Cobra. Um índio local que estudou muito a história, os fenômenos e a região para estar ali e nos contar um montante de coisas que aprendemos durante esses dias. O cara, além de ser extremamente inteligente e conhecer bem o local fazia o tour em inglês e em português. As vezes até nas duas línguas ao mesmo tempo. Engraçado, esperto e falador. Nossa experiência positiva veio muito porque tivemos um bom guia e isso fez toda a diferença na viagem.
Nessa parte do percurso a gente foi até o encontro das águas. Fenômeno natural que acontece na junção do Rio Negro e Solimões. Ali o guia nos explicou sobre o fenômeno e o barqueiro diminuiu a velocidade para que a gente colocasse a mão na água e sentisse a diferença de temperatura. Ali a gente já começa a entender o quanto aquele lugar é especial.
Seguimos por uma viagem de 30 minutos até acessar terra novamente. Seguimos pela BR319 por Carreiro da Várzea. Dali, pegamos uma van com um motorista simpático e falador que nos levou por uma longa estrada que começa no asfalto e termina no chão batido. Logo no começo do caminho, uma parada estratégica para observação da planta vitória régia. Mais 1 hora de van até um novo rio que nos daria acesso a região do Rio Juma.
Chegada
Ali pegamos outro boat que nos levaria – finalmente – até a pausada. A região abriga muitos hotéis de selva e é bem turística. Por isso, obviamente a fiscalização é maior e, por consequência, o local é mais conservado.
De acordo com nosso guia Cobra, é uma das regiões próxima a Manaus que mais mantém áreas intocadas pelo homem.
Por volta de 11h chegamos na pousada. A Juma Lake Inn fica na beira do rio, é feita toda em madeira. Logo na entrada há uma área de tomar sol e banho com o restaurante ao lado (ambos flutuantes, ou seja, construídos em cima de madeira de pau a pique que ficam baseadas no rio e não no solo). Depois disso temos uma grande escada que começa dando acesso aos quartos e banheiros coletivos. E só ao fundo temos uma pequena ponte para acesso aos chalés privativos (onde nos hospedamos).
Instalações
Legal destacar aqui o tipo da construção porque – assim como a maioria das construções nessa região – ela é pensada para atender o período de seca e de cheia dos rios. Na época em que os rios enchem muito, o restaurante flutuante e a área de banho podem ficar mais ou menos na mesma direção de onde ficam os quartos coletivos. Além de que, mesmo na parte alta, a construção é feita em cima da madeira e não direto no solo como estamos acostumado a ver, já que o solo é instável e úmido por conta do clima local.
Quando chegamos não havia quarto disponível ainda, porque o pessoal que sairia para Manaus faria isso depois do almoço. Podemos deixar nossa bagagem na área comum do hotel e aproveitar a região como quiséssemos enquanto esperávamos pelo almoço. Só que aproveitar a região significava somente duas coisas: 1- nadar no rio ou 2- sentar e observar a paisagem. Já que não havia mais nada na região do hotel além de mato. Que não estávamos autorizados e nem com vontade de explorar sozinhos.
Foi estranho somente sentar e observar, principalmente porque não tinha internet (sim, ficamos sem sinal os três dias) e porque vínhamos de uma realidade frenética de deixarempregoarrumarcasamentoeajeitaravidaparamudar (assim mesmo tudo junto e corrido). Estava calor e foi incômodo. Mas foi um dos incômodos que menos fizeram sentido depois que a gente repensa tudo que aconteceu.
O almoço saiu tendo arroz, feijão, peixe, salada e farofa. Nada mais simples, brasileiro e amazonense do que isso. Estava uma delicia. Importante destacar aqui que água é liberada, mas refrigerantes, cervejas e caipirinhas são pagos por fora.
Que comecem os passeios
Depois do almoço nos instalamos, tomamos um banho e ficamos de novo sem fazer nada porque o passeio só saía às 3h. Para nós, ter horários para sair e fazer passeios foi algo realmente novo, porque a gente sempre viaja por conta, fazendo nossos próprios horários. Percebemos que era necessário passar por isso para entender que o tempo da Amazônia é diferente. A selva tem suas próprias vontades e a gente precisa respeitar isso. O horário do almoço tem uma umidade alta demais e por isso não são realizados passeios entre 11h30 e 15h.
Saímos de barco para um primeiro reconhecimento do local e foi de tirar o fôlego. Hoje quando vemos as fotos ou começamos a lembrar da viagem não nos parece real aquela imensidão de mata, bagunçada, intocada pelo homem na beira de um rio tão tão escuro que se faz de espelho para as árvores. Da para se confundir onde começa a flora e onde termina o rio.
Os sons que ouvimos na selva aguçam nossa audição de uma forma que não tínhamos experimentado na vida. E não pense que são sons de leão ou de lobo. A gente escuta o mosquito, o macaco, o tucano.
Pescaria de piranha e jantar
Já no final do passeio o guia nos leva a um lugar estratégico para pescarmos piranha. Um pequeno e esperto peixinho. Foi nossa primeira vez preparando a isca (peixe cru) no anzol. Foi nossa primeira vez pescando em um rio. Foi chato! hahaha! A gente tem que ficar sentado esperando o peixe comer a isca e as vezes ele é mais esperto que a gente porque ele consegue comer a isca e não fica preso no anzol. Vai embora.
Consegui pescar uma piranha e depois da missão cumprida perdi o interesse pela atividade. Bruno não completou a missão. hahahahahaha! Tínhamos a opção de soltar de volta ou levarmos para o hotel para eles fritarem para comermos no jantar.
Na volta assistimos a um por do sol de tirar o fôlego, com os reflexos batendo no rio e nos deixando boquiabertos.
Na hora do jantar teve piranha frita de entrada e a mesma comida simples, caseira e deliciosa do almoço.
Focagem de jacarés
Depois do jantar temos a atividade de focagem de jacarés. Onde saímos para o rio em total escuridão (porque claro que não há luz elétrica pública, como temos nas ruas das grandes cidades). O guia sai com uma lanterna na testa e vai nos mostrando os olhos dos jacarés brilhando quando refletem na luz.
Depois ele e o assistente descem em uma várzea para procurar um jacaré filhote e traze-lo nas mãos para vermos de perto. Não quero levantar aqui uma discussão sobre o tratamento de animais ou exposição em excesso. Mas particularmente não gostamos da atividade e não voltaríamos a fazê-la.
Voltamos para a pousada, tomamos nosso vigésimo banho do dia e dormimos. No quarto que ficamos tinha ventilador, mas há alguns que tem ar condicionado (basta pagar a mais por isso).
E aí, tem mais alguma ideia sobre o que fazer na Floresta Amazônica? Conta pra gente aqui nos comentários.